João Fonseca, Médico Psiquiatra
Emanuela Lopes, Psicóloga Clínica e da Saúde
PRECISAMOS DE FALAR SOBRE BURNOUT
De acordo com o Ministério da Saúde, a síndrome de burnout pode ser descrita como um estado físico, emocional e mental de exaustão extrema, resultado de um acúmulo de situações relacionadas ao trabalho que exigem demais do profissional.
A sociedade moderna mudou a forma de ver e encarar o trabalho, o que trouxe benefícios inegáveis mas, ao mesmo tempo, trouxe também a procura contínua e quase infindável de produzir cada vez mais rápido e melhor. Seja para a obtenção de um novo cargo, para dar resposta às exigências do mercado ou seja para inventar ou inovar um determinado produto, esta nova exigência pode levar, provocada pela exaustão de várias horas de trabalho, à Síndrome de Burnout.
Burnout: Como reconhecer e prevenir
Segundo a Classificação Internacional de Doenças, 11º edição (CID-11), a síndrome de burnout ou síndrome de esgotamento profissional corresponde a um fenómeno ocupacional e não a uma doença. Isto quer dizer que resulta da exposição de um indivíduo a stress crónico no trabalho e que, nesse contexto, pode levá-lo a recorrer a serviços de saúde.
As queixas mais comuns são:
- cansaço mental extremo,
- perda de energia e exaustão mental e física “sinto-me esgotado”;
- aumento do distanciamento em relação ao trabalho “já não quero saber”,
- sentimentos de cinismo e negativismo em relação ao trabalho;
- diminuição da eficácia profissional.
Qualquer pessoa pode ser afetada pela síndrome de burnout em qualquer altura do seu percurso laboral, mas, normalmente, os sinais e sintomas vão-se instalando gradualmente à medida que uma pessoa se vai sentindo pressionada ou sobrecarregada pelas exigências profissionais. Pode notar-se um menor envolvimento do indivíduo nas suas tarefas laborais, sentimentos de desmotivação e de menor realização pessoal, afastamento dos seus colegas e familiares, insatisfação com a vida em geral e mesmo sintomas físicos.
- dor de cabeça,
- alterações gastrointestinais,
- problemas de pele,
- doenças cardiovasculares,
- diminuição da produtividade no trabalho,
- desconcentração,
- maior probabilidade de cometer erros,
- absentismo laboral
- isolamento,
- conflitos familiares
- diminuição da compaixão pelo outro.
Assim, depois de reconhecer o problema, é crucial a gestão dos sintomas e a prevenção das suas consequências.
Para isso,
1. Não se isole e peça ajuda. Fale com um colega de trabalho sobre o que está a sentir e partilhe as suas dificuldades.
2. Altere os seus hábitos. Faça exercício físico regularmente e opte por refeições saudáveis. Evite consumir álcool e tabaco.
3. Tente respeitar as suas horas de descanso e de sono. Faça pausas durante o trabalho. Quando for dormir, desligue os aparelhos eletrónicos e o seu telefone.
4. Pratique técnicas de relaxamento e meditação.
5. Tenha cuidado com o uso excessivo das redes sociais.
6. Estabeleça rotinas dentro do seu contexto de trabalho. Evite sempre que possível, ler emails e mensagens do trabalho fora do expediente, incluindo seu horário de almoço e intervalos; aprenda a delegar funções, assim é possível descentralizar o trabalho e diminuir a carga de tarefas; não abra mão das férias: esse é um período fundamental para “recarregar as baterias”.
É importante as empresas pensarem em desenvolver alternativas para que o seu colaborador tenha mais qualidade de vida, se sinta mais satisfeito no seu local de trabalho e consiga equilibrar a sua função profissional com a pessoal. Para isso podemos, por exemplo, autorizar horários flexíveis, ter espaços para pequenas pausas e de relaxamento, incentivar a prática de exercício físico (estabelecer protocolos com ginásios…)
Referências:
https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/doc_perguntas_respostas_sobre_burnout_vf.pdf