Será que existe alguma ligação entre Psicologia e Arte?

Pedro Guimarães, Artista Plástico                                                                                              Emanuela Lopes                  Nuno Chaves

A literatura, a música, a pintura, o cinema, sem dúvida que estão relacionados com a Psicologia.

A relação entre a Psicologia e a Arte é antiga, muito anterior ao próprio aparecimento da Psicologia enquanto disciplina científica e mantêm vínculos estreitos ao longo da história. Têm muitos pontos em comum sobretudo na ligação da mente do artista com as suas próprias obras, dos mecanismos mentais que os artistas colocam em funcionamento e que os permite executar uma obra de maneira única e singular. O artista utiliza a sua Arte para expressar vários sentimentos onde também mostra características psicológicas da sua própria personalidade. Todas as questões afetivas, cognitivas e comportamentais estão inerentes a todo o processo criativo, que está relacionado com a satisfação da necessidade humana de se expressar e produzir emoções, de imaginar, comunicar e dar sentido ao que é desconhecido. E tudo isso pode ser transformado em Arte.

Desde a atividade criadora (onde se dá também a transformação das emoções do artista), da perceção individual, do estado emocional naquele momento, aos efeitos curativos através da expressão pela arte, torna a ligação com a Psicologia como algo sempre presente e constante. Aliás, os próprios Psicólogos utilizam esta técnica em contexto de gabinete para estabelecer uma relação terapêutica, para ajudar na avaliação psicológica (por exemplo através das pinturas ou desenhos). A arteterapia é um método baseado no uso de várias formas de expressão artística com uma finalidade terapêutica.

A Arte pode também ser uma boa estratégia de auto-cuidado. Estudos mais recentes referem que o pintar pode ser benéfico para a nossa saúde psicológica, pois ajuda na libertação de dopamina e de endorfinas (que proporcionam sensação de recompensa e de bem-estar respetivamente); e a conclusão de uma obra de arte proporciona uma sensação de felicidade pela libertação de oxitocina. Para além que desenvolve competências sociais, ajuda na gestão da ansiedade e do stress e trabalha o subconsciente como método de (auto) conhecimento.

Em suma, a arte é uma das formas de expressão mais direta do universo emocional do Homem, muitos dos seus processos são considerados métodos de autoconhecimento por trabalhar com o subconsciente. Também faz parte de diferentes áreas da psicologia como um elemento essencial de trabalho.

Pedro Guimarães, artista plástico vimaranense acrescenta o seu testemunho, a sua visão sobre esta ligação: arte e psicologia e o descrito anteriormente.

Na verdade, sinto grande parte daquilo que descreve. E sinto que a minha ligação ao que faço é isso mesmo, uma conexão pura daquilo que como ser humano represento e a minha obra, sendo que existe uma aproximação/ distância que controlo cada vez mais por ter que um determinado momento sofrer a separação física das criações …. Por isso até nesse aspeto existe exigência emocional que é auxiliada pelo autoconhecimento. Em conclusão, aquilo que faço é sem dúvida o reflexo daquilo que sou capaz de deixar que a minha mente fale.”

A beleza da Psicologia, enquanto ciência transversal é sem dúvida transportada para a beleza com que os artistas nos brindam, sendo a Psicologia uma arte de (re) construir emoções e pensamentos.

Emanuela Lopes, PhD

Nuno Chaves, Dr

Pedro Guimarães, Artista Plástico

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